CAEM INTRÉPIDAS
DEPOIS TREPIDAM
SOLTAS
NO BOJO DO VENTO
REVOLTAS
OUTONAIS
quarta-feira, 30 de maio de 2012
METRÓPOLE
As horas me atropelam na calçada
Ou quando atravesso a avenida
Sem observar no verde o sinal proibido.
Os automóveis são feras
Furiosas quimeras de lata
Em comboio golfando fumaça.
Os fios elétricos encadeiam
Redes de intrigas
Intrincadas
Aéreas
Etéreas
De personagens como os de Damastes.
A cada dia uma parte de mim se espedaça
E se funde a pedaços de outra parte de alguém
Em outra parte situada aqui e além.
A cidade é uma festa maldita
E também é a matriarca devassa
Difusa
Confunde quem passa
Quem posa na tela
Quem senta na praça.
domingo, 13 de maio de 2012
PARALELOGRAMOS
a rua em que eu morei
HÁ DIAS HOMENS VÃO PLANTANDO PEDRAS DE FERRO NAS RUAS
COM MÃOS DE FERRO E ALMAS DISSOLUTAS
VÃO UMA A UMA SENDO PLANTADAS AS PEDRAS
POR HOMENS IMPASSÍVEIS, UM A UM:
CIGARRO DE PALHA NO CANTO DA BOCA
TRAGADOS PELA GEOMETRIA DOS PARALELEPÍPEDOS
HÁ DIAS HOMENS VÃO ADIANDO
COM SUA DURA POESIA DE PLANTAR PEDRAS EM SILÊNCIO
O ANDAMENTO DA VIDA
DAS PESSOAS QUE PRECISAM PISAR
sexta-feira, 11 de maio de 2012
ALMA DE RIO
E digo que já não vou
Ao encontro do rio
Pois que ele foge de mim
Incontinente
Por outras aspirações
Que naturalmente não me incluem.
Aventureiro por excelência
Esgueira-se,
Lambendo margens
Lavando a própria alma
No curso de seu leito de seixos lisos
Com mãos líquidas
E cauda serpentina.
NOITES LÍQUIDAS
Bebo fleumáticas noites
Ao longo dos vãos dessa cidade
Meramente fluida,
Enquanto rabisco a mancheia
As linhas luminescentes de sua sólida geometria.
A cidade acolhe em suas planícies
Humores residenciais,
O resíduo diário dos afazeres humanos,
O ruído da afluência axiomática das cousas.
A chuva torrencial devolve o lixo
Em domicílio
Do mesmo modo que lhe entregam.
O trânsito que a gente ajuda a caotizar
Com placas pares e ímpares
É fruto da nossa burra esperteza,
Não fluirá nunca,
E se agigantará por todas as marginais
Até o centro de nossas cabeças.
Ao longo dos vãos dessa cidade
Meramente fluida,
Enquanto rabisco a mancheia
As linhas luminescentes de sua sólida geometria.
A cidade acolhe em suas planícies
Humores residenciais,
O resíduo diário dos afazeres humanos,
O ruído da afluência axiomática das cousas.
A chuva torrencial devolve o lixo
Em domicílio
Do mesmo modo que lhe entregam.
O trânsito que a gente ajuda a caotizar
Com placas pares e ímpares
É fruto da nossa burra esperteza,
Não fluirá nunca,
E se agigantará por todas as marginais
Até o centro de nossas cabeças.
TUDO E QUASE NADA
o trago
a trave
a trégua
léguas sem fim
compasso e régua
o traço do arquiteto
nos confins do mundo
um anjo rebelde
o braço sobre o peito
estende
o voo da garça sem jeito
trejeitos
três vezes por vez
de vez
em quando
onde
ando em círculos
sobras do absurdo
quase nada
e que acabe a existência
tudo
tudo
a trave
a trégua
léguas sem fim
compasso e régua
o traço do arquiteto
nos confins do mundo
um anjo rebelde
o braço sobre o peito
estende
o voo da garça sem jeito
trejeitos
três vezes por vez
de vez
em quando
onde
ando em círculos
sobras do absurdo
quase nada
e que acabe a existência
tudo
tudo
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