terça-feira, 7 de agosto de 2012

AS PEDRAS


repetem-se duras
com uma expressão de injúria,
imponderáveis na própria concretude…
extravasam a existência através da falsa paralisia,
inspiradas em inexoráveis armaduras,
independente da forma, da cor, do odor;
ao sol, sob a lua ou na escuridão secreta de uma gruta…
repercutem o verde do musgo no seu habitat invisível
entre o ego e a tez de um poema
de múltiplas faces e inúmeros disfarces
como duras rosas negras ou em cores mortas;
brotam subterrâneas, apoiadas em raízes magmáticas;
medram brutas, expostas ao tempo…

signo do rigor dos séculos:
protagonizam esculturas, paredes, cidadelas, estruturas,
umas sobre as outras amontoadas em harmonia,
outras em desordem bélica;
e todas elas, elos perpétuos entre si,
presentes no calvário do santo,
na sentença adúltera, na demolição do templo,
nas colunas dos palácios, nas pirâmides faraônicas,
nas figuras da Ilha de Páscoa,
sob a neve imutável do Himalaia,
no túmulo do soldado desconhecido,
nas inscrições das lápides,
na dissertação dos mandamentos, 
nas lajes frias das cavernas antediluvianas
e nos sonsos corredores das catedrais…
as pedras duram o tempo que for…