As flores são polígamas
e fazem poesia em vez de sexo
– as que são…,
as que não, retraem-se em acanhamento,
suscitam ópio,
recitam-se mudas na sombra…
Quando para os olhos
referem falsas opulências esmaltadas
de carnalidades inocentes,
constituem tenras imortalidades…
Quando não,
demoram-se secretas,
tão invisivelmente temporais,
tão finamente vigentes…
– flores não se misturam com gente!
E, no artifício da pele,
contraem pigmentações deixadas
por passarinhos
em seus esvoaçamentos rituais…
Inclinadas à ressurreição, as flores,
nutrem-se com restos de coisas de chão.
Os insetos são incestuosos e as fazem
negligenciar a exuberância do gozo.
As flores são seres reluzentes.