sábado, 9 de março de 2013


visível erupção 
                    Vesúvio 
    uivo lunar contração 
um ósculo roubado 
          no ensejo mais ardente 

músculo milenar da vulva 

                                     abre e fecha válvula 
    escapa de um suspiro 
que não o desejo 
                      de gozar 
simplesmente 

mas alcançar a eternidade 

OS NÓS DE NÓS

flor-de-lis

 nus lançamos entre
                 nos entrelaçamos
ventre por ventre
                             dos laços que cortamos
       um pacto de sangue

                      todos os nós que nós
desatamos

OS ANJOS


Os anjos andam pela cidade
translúcidos
nus em brancas nuvens
_________________ SOLTOS

sobrevoam-na em diuturna vigília
amarrados à loucura de não terem um corpo
destilando intragáveis porções
com as quais espairecem os demônios

vestidos de fantasias rotas
desfilam anônimos
pelos becos pelas ruas cheios
de invisíveis intenções

badalam sinos in memorian a signos
cifrados na pauta do tempo
bebem o álcool dos ritos
e se embriagam frágeis santos

e seguem declamando odes
milimetricamente tragados
pelo fumo entorpecente
que escapa de turíbulos profanos

tentados se deixam seduzir
feridos pela fêmea ilusão
os anjos são como a gente
também ardem de paixão 

ADVERBIAL


Tudo tão de vez em quando e através
repetidamente entretanto
do mesmo modo de antes
e que será sempre de agora em diante
às vezes ao meio ou de viés
aliás pouco importa como
contanto que sobremaneira assim.

Qualquer hora alhures
muito embora por acaso algures
desde que amiúde portanto
em que pese o quanto dure
ainda que talvez não seja tanto
todavia
pelo menos até o instante possível
pois se for depois de já
sobretudo continuará sendo infinitamente ontem.

Além disso enquanto houver
espaço entre o Nunca e o Então
tudo afinal em harmonia
não obstante absolutamente imprevisível
logo ao mesmo tempo sim e não.