segunda-feira, 20 de maio de 2013

SALA DE ESPELHOS



Na sala de espelhos sou muitos inteiros
                        pedaços
minha alma envidraçada passeia
pela poesia refletida na íris
da pessoa que passa.

SOU-ME no que vejo…

Todos os reflexos
de mim se chocam na superfície
lisa e límpida que não consigo transpor.

Tudo me reflete no que sou.

As imagens me multiplicam em
tantos pedaços em um único
e lúcido verso
que eu nunca soube compor.
Sou em muitos
___________ refletido
igual à pessoa que passa
irrefletidamente intocável por mim. 

CAIXA ELETRÔNICO


Todos os meses eu venho
indecifrável e religioso
medir a senha
que me provê de notas
para o mesmo poema cotidiano

Extratos de faz de conta
num naco de papel amarelado
deslumbram as contas de um bordado
familiar sobre a mesa
(meu moderno ser eletrônico
depositado em caixas de música
intocável tira provento de tudo
como saldo do absurdo mundo real)

Ainda venho todos os meses
sustado e me sento no banco da praça
à sombra de cifras apagadas 

Por abandono me recito:
não me mandem cartões que eu
já nem respondo cartas
como um valete de paus
ao lado de uma dama de ouro
religiosamente indecifrável