Todos os meses eu venho
indecifrável e religioso
medir a senha
que me provê de notas
para o mesmo poema cotidiano
Extratos de faz de conta
num naco de papel amarelado
deslumbram as contas de um bordado
familiar sobre a mesa
(meu moderno ser eletrônico
depositado em caixas de música
intocável tira provento de tudo
como saldo do absurdo mundo real)
Ainda venho todos os meses
sustado e me sento no banco da praça
à sombra de cifras apagadas
Por abandono me recito:
não me mandem cartões que eu
já nem respondo cartas
como um valete de paus
ao lado de uma dama de ouro
religiosamente indecifrável
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