segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O FOGO DAS PALAVRAS

pra dizer que não te queria
calei
pois simplesmente as palavras…

menti deslavadamente
menti com a frieza insana de um homicida

foi difícil calar
mesmo porque as palavras
ardiam

domingo, 23 de novembro de 2014

ORIGAMIS

a vida por um fio
por um filho se desfigura
ávida
por desafio de se mostrar
figurativa
a olho nu descabelada
a vida tem em si pavio curto
e num curto-circuito
perde-se o fio da meada

PRIMAVERA

ainda a primavera
e os primeiros botões vigem
como se a perenidade
resolvesse ficar

tão languidamente a primavera

: uma dança que não quer cessar

NOVEMBRO

novembro demorou a passar
ou será que fui eu que fiquei
quase nada mudou
ainda continuo no mesmo lugar

ou não será mais

todos os trens já passaram pela estação
agora será sempre primavera
quem dera se nada mesmo mudasse
inspirado nas reticências oníricas do amor

e enquanto primavera for

continue tudo como está

domingo, 31 de agosto de 2014

VISIONÁRIA

Teus OLHOS
            de matas fechadas,
                        setentrionais,
            PLUGADOS NO ARCO DE TUA COR
                        índia,
            AS CÓRNEAS DE VIDRO – CASSIOPEIAS
                        em fuga
            entre NUVENS E

                        BALÕES

sábado, 30 de agosto de 2014

DETERMINAÇÃO

EU NÃO FECHO PORTAS
EU NÃO ABRO FENDAS
EU NÃO ATO CORDAS
EU NÃO COSO RENDAS

Também não guardo lixo – debaixo do tapete
só as chaves do meu desespero

Noite em claro: durmo na rua sobre
                        tumbas e jornais
Meu alvo é escuro como uma cisterna funda

Eu não me abro
e no entanto herético amo o azul do céu
LEMBRO ÀS VEZES

                        DE SENTIR DE SAUDADE

domingo, 13 de abril de 2014

ESCRIVINHÁTICO

fiz um escrivinhador à toa de mim
inquieto
            medroso
                        medrei
subi ao topo e
C
  A
     Í

não sei de quantos pedaços juntei

um poema assim