É indignatória a postura do senhor governador do Estado da Bahia, que neste momento tem como preocupação prioritária a realização do carnaval em Salvador com o discurso de manutenção da ordem pública. Ora, sabe ele onde começa e termina a desordem (meramente política) e prisões por crimes bem mais graves não sào decretadas com a mesma ou nenhuma firmeza democrática aos inúmeros ministros do governo federal, por exemplo. Mas a sua vaidade tem falado mais alto, endossada pela presidenta Dilma, através da demostração de força utilizando os mesmos meios pelos quais se disseram vítimas, reavivando a velha e ineficaz ditadura democrática, castrando o diálogo ao mesmo tempo em que procura calar a voz que tanto lutaram para fazer ecoar.
Então, eu me pergunto: o que neste instante demonstra insegurança – os bandidos ou os grevistas confinados e punidos severamente? Entendo do alto de minha humilde ignorância que com os policiais basta negociar. A questão não é ceder a exigências é somente reconhecer que são servidores em sua maioria dedicados arriscando a própria vida e mal remunerados; são pessoas que produzem efetivamente, ao passo que ainda são explorados por cargas horárias exorbitantes e não recebem nada por isso. Há tanto dinheiro público desviado em meias, cuecas, bolsas e contas bancárias no exterior através de programas do governo, portanto não me venham com a mesma historinha de que ele não existe quando se trata da remuneração de servidores (só para ilustrar: um servidor de cafezinho em Brasília tem salário acima do que recebe um médico em hospitais públicos). E mais, a demolição, reconstrução e construção de estádios para a copa do mundo, mobilizou uma verba gigantesca manipulada por novas e velhas rapinas, antes mesmo contestada, e mostrado os erros de gerenciamento forçando à presidenta baixar um decreto para esconder todas as possíveis mazelas.
Em se tratando do efetivo deslocado para a capital do estado, isso requer desgate e gastos públicos desnecessários, segundo pronunciamentos do governador Jacques Vagner para garantir a segurança da população o que não é verdade, pois só do Exército Brasileiro são 1.038 homens sem contar com policiais civis, militares inclusive de outros estados, agentes da polícia federal e integrantes da força nacional. No entanto a grande concentração é para combater os grevistas enquanto a população está entregue aos vândalos, aos saqueadores, aos assassinos e a todo azar, confinada e acuada atrás de grades em prisões domiciliares.
Pelo visto, só o governador não tem ciência do caos estatal estabelecido simplesmente pela irredutibilidade dos seus atos, com o ano letivo prejudicado bem como a economia do estado, o bem estar e a livre circulação de todo cidadão (estudantes, donas de casa e trabalhadores – é o mínimo que poderia ser discutido).
Até quando esse estado de coisas vai continuar? Onde a sensatez foi colocada?
Vê-se que um homem afeito a greves que lutou parte de sua vida para ser ouvido agora tapa os ouvidos demonstrando que não aprendeu absolutamente nada do ofício de negociar como um genuíno governante democrata, deixando claro que todo aquele que sedento pelo poder traz sempre no sangue o germe atávico dos vis ditadores – confesso que tive a sensação do fatasma de alguém que há pouco habitou entre nós.
Na verdade, esperávamos que esse aparato militar que aí está seria para grantir de fato a ordem e combater a criminalidade sobretudo na periferia, mas de forma frustrante veio para combater homens que servem ao estado e que apenas ao longo da história reivindicaram direitos e melhorias da função muitas vezes prometidas por estes governantes que hoje usufruem do poder e que igualmente no passado estiveram do lado em que se encontram hoje os bravos PMs e seus familiares.
No seu último discurso pela TV Record, no programa de Zé Eduardo, o governador insistiu com a intransigência de um democrata de extrema direita sem qualquer interesse em resolver o impasse, mas de mantê-lo a custo de sua intocável vaidade. Se de fato houvesse o mesmo empenho que vemos no governo do estado da Bahia como agora em prender policiais e puní-los por atos tratados com tanta gravidade também no combate à criminalidade e ao tráfico a segurança estaria num nível melhor.
Por fim, gostaria que este governador entendesse de uma vez por todas que aqui não é Cuba, sem desmerecer qualquer outra nação, estamos mais para Haiti.
"Triste Bahia..."
ResponderExcluirapesar do clichê.
Olá!
ResponderExcluirFoi um grande prazer conhecer seu blog.Aproveito meu tempo para navegar e ler textos e poemas feitos por pessoas que gostam de escrever.
Que bom que você é uma delas.
Grande abraço
se cuida