quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

FELIZ NATAL E ÓTIMO ANO NOVO

SE ATÉ O FINAL DESTE NÃO OS VER, DESDE JÁ, ANTECIPO MEUS VOTOS EM VERSO, DE FELIZ NATAL E UM ANO NOVO PLENO DE POESIAS. ATÉ LÁ...
Carlos Laet

POEMA EM BRASA


ardo um poema intacto
reprimido
de palavras embaralhadas
que não flui

sou eu quem o possui
no ventre fundo zanzando
pelos latifúndios da memória
ardo um poema na alma

fremente – bruto diamante em lava
a escorrer pelo ego
a saltar pelos poros

letra a letra soletrado
insistente na órbita
do fogo alastrado 

SE EU FOSSE A LUA


Se eu fosse a lua,
e a noite já inaugurada, vasta,
o céu infinitamente broslado…,
viajaria de Bagdá a Caracas
a fim de recolher no mundo de todas as minas
as joias mais finas 
para enfeitar o teu corpo
com toda pedraria rara.

Se eu fosse a lua,
o corpo celeste inteiramente iluminado,
a tudo iluminando,
e recortada em círculo, imensamente branca,
desceria sobre a tua cama
e em teus longos lençóis de cambraia
faria a minha casa.

Pálida, cálida…
Sua prata nobre reflete-se sobre o mar, despedaçada.

Se eu fosse a lua,
e sonambulamente nua, intensamente embriagada,
a todos embriagando,
decifraria com o que se urde os sonhos
na escuridão dos olhos
e o segredo que faz dos amantes
seres tão transcendentais. 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

ERA TUDO VERDADE


Naquela época as coisas eram tão opacas,
ocupavam mais tempo e menos espaço,
tinham tanta intensidade e tão pouca densidade.
E a cidade lá embaixo, daqui de cima, parecia
uma gigantesca árvore de Natal.

Naquela época brincávamos distraídos
da existência de Papai Noel, acho até
que ele nem gostava das crianças pobres do ocidente,
pelo menos eu nunca o vi nos meus desinventos
quando ainda nem havia brinquedos.
E todos fingiam que ele viajava até a América do Sul.

E nada disso era sonho... 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

DE-COMPOR


Uns versos – eu sou
meu próprio poema em decomposição,
uma odisseia sertaneja cortejada
pela nua ideia solta no contorno das mãos:

versejo-me...

Uns versos eu dou –
recolhidos nos desvãos do imaginário
onde ergo meu pequeno planetário
em que me componho arrítmico e disfásico:

ensejo-me...

Uns versos – eu voo –
aliterados por inconsequência,
são asas em que me prendo e vou,
são folhas soltas ao léu
que porventura um vento as arrancou
de minhas árvores de anotações. 

SIMPLES CASUAL


Sua música e sua voz:
É como quando rio e mar na foz celebram a rima
E a clave dá um tom acima
E a vida se abre intensamente em flor ao sol

Sua mímica e sua prosa
Sopram em minha cara um quê de pororoca…
Coisa doce e sal, simples, casual,
Enquanto a semente do seu canto purifica os quatro cantos da
[maravilha
Que é o mundo e vai dentro da gente
Como um sonho que se sente realizar.