sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

LUA DE MINHA ADOLESCÊNCIA


Lua de minha adolescência – crescente:
sempre nova, sempre cheia…,
minguante, passa, volta e meia passeia silenciosa
pelo silêncio monacal das preces feitas

no altar; inspira, encanta o meu verso, ilude-o,
tal e qual uma serpente
o coração destrambelhado dos poetas
confunde.

Signo de paixões vorazes,
explora cada recanto dos leitos
onde se dão os coitos e os romances afoitos
entre amantes exaltados em pleno gozo.

Ígnea insígnia dos ares abobadados,
estátua esfíngica de alabastro,
pousa na fotografia desfocada do meu astigmatismo
provocando inveja a outros astros.

Dona dos sonhos mais aéreos,
pernoita na lívida amplidão por onde passa,
pássaro em chamas
a errar os sonambulismos mais etéreos.

Monja das alturas, nubente eterna
das mil e uma noites de sonhos
faz desabrochar os lírios de tanta brancura
arrastando de seus fúlgidos véus a cauda infinita.

De Tel Aviv a Havana
cruza longas quietudes mortas,
pulsando horas frias de mistério,
na solidão de terríveis abandonos,

elaborando caravanas de céleres estrelas,
dando ao Saara tão magníficas tiaras,
que não se vê nos bazares do oriente
e em nenhuma outra parte do mundo.

Visão sacra e profana, esférica
efígie feérica, cunhada em prata,
põe na boca da noite um beijo doce
de príncipe à sua amada.

Do Mediterrâneo ao Atlântico,
passando pela Manchúria,
finge, fulge, foge, depois volta,
sobre Lisboa espalhando suaves serenatas.

E ainda, invade com irreverência tantálica
os olhos dos que sonham,
os sonhos dos que ardem,
o fogo dos que choram.









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