domingo, 4 de dezembro de 2011

A QUEM DIZER

o que eu digo me fala
se não me falha a memória
nem sempre a razão

digo o que penso e o que não penso
ou que penso que a rapidez no falar
atropele o dito

diz-se do curso que as bocas
tomam por trás das palavras
assentadas numa mudez tímida
ou numa oralidade indagada

às vezes me atrapalha a noção

falo da falta que faz a ausência de alguém
a quem dizer

em outras palavras
signo em que resvala
a boca selada
soa do vácuo a intenção declarada
e não se reserve
apenas às cordas consoantes
aos encontros vocálicos

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