domingo, 4 de dezembro de 2011

RETICÊNCIA

Não tenho nada a dizer nesta tarde remota
– as cores falam por si. Sol - horizonte além…

Aos cotovelos recolho
cada palavra em língua morta,
toda álgebra
toda prova.
Reservo-me, portanto, ao direito de ocultar
indícios que porventura se levantem contra mim.

Eu não tenho nada a dizer, simplesmente.

Calo, mesmo diante de qualquer gesto de benevolência
(tão raro por sinal),
com o argumento de isenção.

Calo por reserva de indignação e desejo interdito.
Insubmisso, calo.
E, que a minha voz repouse da difusa dialética urbana,
onde pouse um pardal.

Ao desejo, pouco importa a língua à fala,
tudo cala,
tudo consente, afinal.
Estou tão vazio que no oco do universo
o homem pousa na lua.

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